*Prólogo:
Aula de educação física. Tema: Basquete.
Aff. Basquete! Haja paciência. Odeio basquete! Aliás. Odeio qualquer esporte. Odeio educação física! Odeio a escola! Odeio minha vida! Odeio odiar tudo isso! Tá! Considere-me uma adolescente complicada. Minha mãe diz que é uma fase. Que vai passar. Eu não sei. Não sei se todos se sentem como eu... Minto! Nem todos se sentem como eu. Pois é impossível todos os 7 bilhões de habitantes do planeta, serem ou s sentirem da mesma forma. Confusos...
Mas... Voltemos a aula de Educação Física...
*-*-*-*-*-*-*
Eu estava sentada na arquibancada. Como sempre faço. Estava conversando com meu melhor amigo, Fernando, sobre uma coisa que odiamos em comum: esportes! Estávamos comentando sobre qual o pior esporte de todos. Mas ele teimava que era futebol, eu dizia que existiam bem piores.
- Rê. Me dê um exemplo de um esporte pior que futebol então.
- Quer um exemplo Fer? Ahm... Taí! Basquete!
- ?
- Quer coisa pior que ficar pulando, batendo a bola no chão. Argh! Horrível!
- Ah. você diz isso porque é uma garota. Não tem que provar para ninguém o quanto é homem ou o quanto pode resistir a alguma coisa. Cansa!
- E você também não sabe, nem nunca vai saber, o que é ser uma garota! Você não sabe o quanto é difícil!
- Claro que não sei. Mas sei que o difícil mesmo é viver.
- É. Tenho que concordar com você.
Fiquei um pouco sem graça. Devo ter corado. Olhei para a quadra e notei que o jogo estava mais lento. Aproveitei a deixa para mudar o rumo da conversa:
- Nossa! Parece que hoje eles estão mais lerdos que o normal...
- Pois é. Parecem até zumbis.
- Fernando... Olha direito pra eles... Eles estão muito parecidos com zumbis. Vou falar com o professor, deve ter algo errado...
Nosso professor de E.F. era bem legal. Eu simplesmente não gostava da matéria. O professor era alto e forte. Várias garotas ficavam babando por ele, mas eu não. Eu apenas achava ele legal. Sinceramente, ele era o máximo.
- Professor! Tem algo errado. Eu posso não gostar de esportes, nem jogá-los. Mas... eu sei que não é assim que se joga.
- Zzz...
- Professor? Tá tudo bem?
- Zzz... Céééééérebroos...
- Hein? Mas o que?
- Zzz... Céééééérebroos...
- Ai meu Deus... Fernando! Fernando!
- Fala Rebekah! Me chamou?
- Fer. Me ajuda. O professor tá estranho. Tá agindo como um...
- Céééééérebroos... Céééééérebroos...
Dissemos em uníssono:
- Aaaaaah! Corre Fernando!
- Aaaaaah! Corre Rebekah!
Por fim. Corremos os dois. E os Zumbis andando... Bem... Andando não é a palavra certa para descrever. Eles estavam se arrastando em nossa direção. Corremos. Pulamos o portão da escola. Cegamos do outro lado. Andamos um pouco. Vimos uma árvore. Paramos em baixo de sua sombra e ele me disse:
- Ufa! Conseguimos escapar!
- Pois é. E que estranho. Por que eles viraram zumbis?
- A pergunta não é por que, mas como. Eu simplesmente não entendo.
- Bom. Conseguimos escapar não é?
- É. Bom... Rebekah... Preciso te dizer uma coisa...
- Fala Fer. Depois disso, nada mais me assusta.
- É que... Bem... Eu...
Ele olhou em meus olhos, depois desviou o olhar para o céu nublado.
- Você...
- Eu... Estou feliz que você tenha ficado a salvo.
De repente, começou a chover. Nos levantamos.
- Como eu imaginava. Chuva! Só para variar um pouco.
- Ah! Quer saber?
Ele me puxou para si e me beijou, intensamente, com a mãos em minha cintura, me puxando cada vez mais para o braço dele, quando de repente...
- Rebekah!
Acordei assustada. Eu estava na sala de aula. Era aula de inglês.
- O que você está fazendo aí parada Rebekah? E por que estava dormindo? Por que ainda não juntou-se com sua dupla?
- Zumbis!
- Não Rebekah, o trabalho sobre zumbis é para a quinta. Agora é aula de Inglês! Acorda.
- Fernando? Ai. Peraí. Então eu tava sonhando? Meu Deus!
- Rebekah! Eu vou mandá-la para a diretoria por dormir na minha aula mocinha!
- A culpa não é dela professora!
- Não? Então de quem é a culpa Fernando?
- É minha professora! Eu pedi pra ela me ajudar em uma lição ontem a noite. E ela acabou dormindo tarde. Por culpa minha. Me desculpe.
- Mas... Fernando... O que?
- Pois bem. Já tenho minha decisão.
Dissemos eu e Fernando simultaneamente:
- Já?
- Sim. É melhor você ir para casa Rebekah. Não farei nada a respeito, mas você deve voltar para a sua casa. Para poder descansar.
- Eu não posso professora! Tenho prova na terceira aula. Fiquei estudando a semana toda para essa prova! Não posso simplesmente ir embora!
- Então descanse querida. Fernando pega a matéria para você.
- Aham...
Debrucei-me na carteira e descansei. Bom... nem tanto... Fiquei pensando por que eu estava sonhando com o Fernando. Será que... Bom. Vou tentar dormir. Estou cansada...
Acabei de acordar. Quer dizer... O Fer me acordou. É aula de Ed. Física. Droga! Ele disse que quer falar comigo depois. Não sei o que. Mas tenho ideias...
- Alunos! Hoje vamos para a quadra! O tema da aula é Basquete!
Era o que eu temia! Só faltava essa. E tem o meu sonho... O lado bom é que vou poder descobrir o final da história. Talvez...
- Professor! Eu estou com dor na perna, devo ter torcido quando estava vindo para a escola. Não vou poder participar da aula!
- Como sempre. Não é Rebekah?
- Ah professor. Você sabe que eu moro longe!
- E você Fernando? Qual a desculpa de hoje?
- Nenhuma professor. Só não quero participar. Além disso. Vou seguir seu conselho.
- Entendo. Mas, mesmo assim conta falta. Sabe disso não é?
- Sei sim professor.
- Então tá. Boa sorte!
Fiz aquela cara de ponto de interrogação. Era a mesma coisa que perguntar: "Boa sorte? Conselho? Desde quando você e o professor viraram amigos?". Tá. Pode me chamar de ciumenta mas, ele é meu melhor amigo poxa! Eu tenho o direito de saber!
- Depois eu te explico Rê.
- Fernando...
- Diga.
- Nada não. Depois eu falo.
Caminhamos até uma árvore que tinha atrás da quadra. Nos sentamos lado a lado e então ele me disse:
- Lembra da quinta série? Quando você me disse que gostava do Jonny?
- Claro. Nossa! Faz tanto tempo...
- Eu... Bem...
- Você?
- Ai. Como eu digo isso? Eu não sei se consigo dizer...
- Fernando. Confia em mim. Pode dizer.
- Mas... Primeiro... Diz o que você ia dizer.
- Bom... Na sala de aula eu estava sonhando, haviam zumbis, eu e você.
- Me conta o seu sonho.
- Era Ed. Física. Como agora. O tema era basquete, como agora. Estávamos conversando na arquibancada sobre qual seria o pior esporte. Então todos que estavam na quadra viraram zumbis. Nós saímos correndo. Saímos da escola e sentamos em baixo de uma árvore, como agora. E...
- E?
Seus olhos transmitiam esperança, curiosidade e medo. Seu coração pulsava forte. Ele estava agitado, nervoso e assustado. Eu tirei coragem de não sei onde e o beijei. Ele correspondeu. Foi forte, intenso, perfeito! Segundos depois nos soltamos. Olhei em seus olhos e disse:
- E então você me beijou. Como agora eu te beijei.
- Bem realista seu sonho. Poderia ser uma premonição, ou talvez uma coincidência.
- Coincidências não existem. Talvez seja uma forma de mim mostrar a verdade para mim mesma. Sabe. Eu sempre senti algo especial, diferente, em relação a você. Mas não sabia o que pensar. Então continuei sua amiga, não tinha coragem para dizer a verdade. Cara a cara.
- Eu entendo. Experiência própria.
Sorrimos, então me lembrei dos zumbis! Quando abri a boca para falar ele me disse:
- Os zumbis!
Saímos correndo para olhar na quadra, o jogo ocorria como sempre. Rápido e exaustivo. Voltamos para debaixo da árvore rindo, correndo, brincando... Felizes.
Sentamos debaixo da árvore e ele me disse:
- Quer namorar comigo?
- Ainda pergunta?
Beijei-o. Ele sorriu, olhou em meus olhos e me disse:
- Amo você!